Confesso que não sou grande fã de hip-hop, mas não deixo de ouvir os «soundbytes» novos que aparecem tanto quanto possível. Não pude deixar de não colocar aqui este vídeo que descobri ao acaso. Aqui o som é puro, sem samples e sintetizadores, apenas um baixo, uma guitarra e uma bateria. Geralmente um fenómeno urbano, o hip-hop massificou-se nas grandes cidades como forma de expressão e de contra-cultura. Hoje não assumir o hip-hop como um movimento presente na cultura portuguesa é fechar os olhos ao que nos rodeia.Posso não gostar, mas não deixo de respeitar este fenómeno que se alastra pelas grades urbes. Se em Évora, cidade onde nasci e cresci, o hip-hop não teve grande expressão,contam-se pelos dedos da mão os intérpretes por cá, devido há quase inexistência de comunidades imigrantes, não deixo de atender a esta nova forma de expressão. Quando em Portugal começaram a aparecer as primeiras vozes de hip-hop, as referências eram quase todas estrangeiras, mais específicamnte, inglesas e norte-americanas. Hoje é de salutar o que o hip-hop tem feito pela língua portuguesa como instrumento vivo e arma de expressão. Perdeu-se a vergonha de se expressar em português, e isso parece-me muito positivo. É sinal que a língua não é uma coisa morta e que é uma coisa plástica e mutável que se vai transformando com o tempo.É sinal da vitalidade de uma cultura. Esta música, com uma mensagem muito positiva, mostra que a diversidade cultural só nos enriquece a todos e só assusta quem não está aberto aos outros.