Ainda se lembram?
Nunca me esquecerei daquele cavalo branco no quarto e ficar a dar voltas e voltas na minha cabeça à procura de uma explicação plausível. Era preciso encontrar as peças do puzzle que escapavam. Às tantas, depois de cada episódio, começar, muito lentamente e sem insistência, a desistir da ideia que aquilo era para perceber. E deixar-me ir...ficar simplesmente absorto no ecrán e ser conduzido pelas imagens surreais daquele conto bizarro. Tinha receio, mas, ao mesmo tempo, fascínio em passar aquela placa «Welcome to Twin Peaks». Sabia que dali para a frente tudo podia acontecer. Era um duplo prazer: entrava numa zona proibida e, simultaneamente, ficava acordado até mais tarde. Esperar cada semana por esta série - salvo erro dava à quinta à noite na RTP1 - era sempre um acontecimento. Depois a lenga-lenga do costume, pedir aos pais "só mais um bocadinho". São estas as sensações e impressões que tenho do Twin Peaks. Muito boas, por sinal.